Para CEO da thredUP, é um futuro cada vez mais presente.
E necessário
Por Renato Müller
“O mercado de segunda mão assumiu o primeiro lugar”. Uma declaração ousada, mas baseada em dados. O mercado de vestuário de produtos usados movimenta atualmente US$ 36 bilhões nos Estados Unidos e US$ 57 bilhões no mundo. Em 2025, deverá chegar a US$ 72 bilhões e US$ 116 bilhões, respectivamente. Como um marketplace focado em produtos de segunda mão, a americana thredUP está posicionada para surfar esta onda.
“Todo mundo tem no armário roupas que não usa nunca. Faz total sentido financeiro e ecológico passar essas roupas para a frente”, afirma Anthony Marino, fundador da thredUP. A pandemia, em sua opinião, deu um empurrão definitivo a essa tendência, pois aumentou a preocupação com a relação custo/benefício e com o impacto das ações cotidianas no meio ambiente. “É por isso que hoje todo mundo é um cliente de uma loja de reuso: ricos, pobres, jovens, adultos, idosos”, analisa Marino.
Existe uma razão financeira clara: produtos de segunda mão são mais baratos e dão acesso a boas marcas e itens sem prejudicar o orçamento mensal. Até por isso, a tendência de uso de produtos de segunda mão é mais forte nas gerações mais novas, seja por uma questão de renda, seja por uma mudança cultural. De uma forma ou outra, é uma tendência que vem para ficar. “Modelos baseados no uso único das peças, ou na compra de muitos itens a baixo preço, têm um impacto ambiental gigantesco, e os consumidores estão buscando alternativas”, comenta o executivo.
Para ele, o varejo precisa pensar sobre negócios de segunda mão da mesma maneira como encarava a internet há 10 ou 15 anos. “É um negócio que ameaça parte do negócio atual, mas que pode trazer uma infinidade de novos clientes”, afirma. Além disso, é uma forma de contatar os clientes em mais momentos e, com isso, coletar mais dados sobre eles.
A venda de produtos usados ganhará ainda mais relevância daqui em diante e será um ponto importante na estratégia das empresas em todo o mundo. “Em pouco tempo, todo negócio terá no mínimo uma área, ou até mesmo pivotarão seus negócios, para modelos baseados na venda de itens usados”, acredita Marino. Segundo ele, um terço dos varejistas americanos de vestuário afirmam que a venda de itens usados está se tornando a moeda para entrar no jogo do varejo, enquanto 62% dizem que os clientes têm demonstrado interesse por itens de segunda mão e 42% dos consumidores se mostram mais dispostos a comprar de marcas que oferecem tanto itens usados quanto itens novos.