Para CEO do Gorillas, um dos principais players globais de entregas rápidas de supermercados, as empresas precisarão de uma grande reinvenção para sobreviver
Por Renato Muller
O quick commerce, que promete entregas de itens de supermercados em questão de minutos, passou em poucos anos por imensas transformações. O que começou como uma disputa ferrenha pelo delivery instantâneo se transformou, com o recuo do mercado de capitais, em uma briga pela sobrevivência. E quem não se reinventar vai ficar pelo caminho.
Para Kagan Sümer, CEO da Gorillas, um dos principais players mundiais do setor, com forte presença no mercado europeu, somente tem chance de continuar no mercado quem está perto de ser lucrativo (ou já opera no azul) e tem uma estrutura de investidores forte dando suporte. “No início de 2020, tínhamos 34 concorrentes diretos nos mercados em que estávamos. Um ano depois, eram 14. Hoje são quatro. O mercado está cada vez mais restritivo”, afirma.
Nessa “limpeza” do mercado, o foco mudou: entregar em 8, 10 ou 15 minutos não é mais o que faz a diferença. E isso muda até mesmo o desenvolvimento de software da empresa. “O desenvolvimento dos nossos algoritmos está agora voltado não mais a entregar em poucos minutos, e sim em entender quanto tempo o cliente considera bom para receber o produto”, explica. E faz muito sentido: se o cliente não vê problema em receber em, digamos, 1 hora, qual a razão de gastar muito mais para entregar em 15 minutos e não ver um grande impacto nem no tíquete médio, nem na satisfação do usuário?
Mas ter uma postura mais comedida em relação aos investimentos não será suficiente. Para Sümer, será preciso abrir novas linhas de receita para que qualquer operação de quick commerce passe pelos próximos anos. “Estamos olhando para aspectos como o desenvolvimento de marcas próprias, o uso estratégico dos dados dos clientes e o marketing como oportunidades de negócios. Esses serão aspectos essenciais para construir uma operação cada vez mais saudável”, conclui.