Importantes nomes do varejo como o grupo Ipiranga e a Constance Calçados têm contratado cada vez mais empresas nascentes como parceiras para fidelizar clientes e aumentar a receita
No acirrado mercado varejista, onde as margens geralmente são menores que em outros setores, grandes grupos como a rede de postos de combustíveis Ipiranga e a Constance Calçados apostam cada vez mais em startups para reduzir custos e ganhar eficiência.
O diretor de desenvolvimento de negócios e marketing da rede Ipiranga, Jeronimo Santos, conta que a empresa busca entender melhor seus consumidores e oferecer promoções personalizadas para seus mais de 28 milhões de clientes do programa de fidelidade “Km de Vantagens”. Há mais de um ano, para suprir essa demanda, foi feita uma parceria com a startup Propz.
Trabalhando com tecnologias como big data, a Propz analisa o comportamento dos consumidores para ajudar seus clientes a segmentar as ofertas e promoções, já que ficarão armazenados os hábitos de consumo. O serviço ainda indica o melhor momento de entrar em contato com seu público.
Conforme Santos, centenas de campanhas foram realizadas nos postos da rede Ipiranga. “Dentre essas ações, houve as que focaram na recuperação de clientes que apresentavam certa queda de consumo e outras que priorizaram aqueles com potencial para abastecer ou consumir mais”, explica.
Apesar de não conseguir mensurar os ganhos no caso da rede Ipiranga – já que a companhia não detalha dados de faturamento –, o CEO da Propz, Israel Nacaxe, garante que a startup consegue elevar em 3,5% a 4% o faturamento dos seus clientes.
Já a Méliuz propõe a fidelização dos consumidores de um jeito “tradicional”, ou seja, por meio de descontos e promoções. A startup mineira é contratada por varejistas, seja do e-commerce ou lojas físicas. Essas empresas oferecem cashback para seus clientes, ou seja, um percentual da compra é devolvido em dinheiro.
No caso da rede de supermercados Rena, há um retorno de 0,5% em todas as compras realizadas em suas lojas. Porém, há frequentes descontos mais agressivos, que podem chegar a 30% para determinados produtos. “Nesses casos, os fornecedores custeiam as promoções”, diz o presidente do Rena, Alexandre Maromba.
O executivo ressalta ainda o relacionamento com seus consumidores, proporcionado pela startup. “O Méliuz nos oferece todo o hábito de consumo do cliente e essa é a grande vantagem, porque conseguimos direcionar uma oferta específica de acordo com o perfil dessa pessoa”, esclarece.
De acordo com o consultor de varejo Marco Quintarelli, o aumento da concorrência faz com que as companhias tradicionais busquem inovação de forma constante.
“As empresas querem cada vez mais ganhar produtividade para atender a seus consumidores”, avalia o especialista.
Eficiência
A startup Konduto atua diretamente nesse ganho de produtividade. A companhia trabalha com comércio eletrônico em duas frentes, evitando fraudes e otimizando a análise de risco, ou seja, aceitando mais pedidos anteriormente considerados fraudulentos.
De acordo com o fundador da empresa, Tom Canabarro, são analisados mais de dois mil dados para avaliar as compras, levando em conta desde o CPF do cliente até se o usuário copiou e colou o número do cartão, além de quanto tempo ficou no site para fazer a compra.
Marcelo Linhares, gerente de e-commerce da Constance Calçados, passou a contar com a tecnologia da Konduto há quatro anos. “Além de economizar muito em relação ao outro sistema antifraude que nós usávamos, passamos a negar apenas 2% dos pedidos.”
O problema da Constance era o alto grau de cautela ao fazer o filtro das vendas, com rejeição de 4,5% dos pedidos com receio de fraude. Segundo Linhares, não é possível calcular o valor que a Konduto trouxe ao faturamento da companhia. “De qualquer maneira, este ganho de assertividade possibilitou um aumento na receita do e-commerce”, declara o executivo.
Fonte: DCI