Para investir em uma startup, é preciso levar em conta muito mais do que dados e projeções. Assim como eles, as pessoas envolvidas no projeto fazem a diferença e são avaliadas nesse momento. Foi o que destacaram os investidores presentes no painel Investimentos em Startups, que aconteceu no CASE 2019, em São Paulo, nesta quinta-feira (28/11).
O evento, organizado pela ABStartups, contou com a presença de Lara Lemann, cofundadora da Maya Capital; Fábio Póvoa, cofundador da Movile; Tiago Reis, fundador da Suno Research; e Rodrigo Quinalha, diretor executivo da Kick Ventures.
De acordo com os quatro, é essencial que o capital humano seja de qualidade. “Com startups no estágio inicial, nós investimos no piloto e não no carro”, afirmou Quinalha, da Kick Ventures. “Já deixamos de investir em negócios que pareciam bons por conta das pessoas que estavam por trás”.
“Se você não tem um time bom, o investimento não vai dar em nada”, afirmou Lara Lemann, da Maya Capital. A investidora trabalha principalmente com startups em estágio inicial e por isso também busca pessoas mais do que números. “Quero alguém que esteja inconformado e buscando resolver algo que está errado”, afirmou.
Póvoa, da Movile, concordou com os dois, mas disse que é importante deixar o produto falar pelo time em alguns casos. “A qualidade da equipe se reflete no que eles entregam”, afirmou o investidor. “Eles têm que mostrar algo concreto, que mostre o comprometimento”.
Para Quinalha, da Kick Ventures, o capital humano é essencial não só por conta dos talentos, mas também pela relação que se cria entre investidor e empreendedor. “A troca entre os dois precisa ser saudável”, disse. “Discuta suas expectativas com o investidor, porque são mais problemas para resolver do que vitórias para comemorar”. Lara Lemann concorda. “O investidor precisa ajudar não só com dinheiro.”
Reis, da Suno Research, acredita que o ecossistema de startups depende do ambiente de investimentos. Mas ressaltou que o dinheiro mais barato é o que vem dos clientes. “Eles não só investem, como também validam seu negócio”, disse.
Por fim, os quatro investidores concordaram que o dinheiro investido não é nunca o destino do empreendedor, mas sim um meio para que ele chegue mais rápido em seu objetivo. “Não basta gastar o dinheiro sem critério, é preciso colocá-lo em uma máquina de vendas”, disse Póvoa. “O melhor direcionamento do dinheiro leva a um crescimento mais saudável”, afirmou Lara.
Quinalha ressaltou, ainda, que o capital financeiro só resolve o problema da falta de dinheiro. “Sem capital humano e propósito, ele não serve de nada”, disse o investidor. “Você não precisa ter todos os indicadores do negócio, mas saiba qual dificuldade vai ser resolvida.”
Fonte: PEGN