Quinta-feira, dia 26 de abril de 2018, dezenove horas e trinta e seis minutos. Recebo da Startse, um dos maiores ecossistemas de startup do Brasil, o seguinte comunicado “a Cia Hering lançou o seu primeiro programa de conexão com startups chamado Hering Conecta! A empresa tem o objetivo de selecionar startups que podem se tornar fornecedoras e/ou parceiras para a companhia”. Dias antes, terça-feira, participo de um debate no Carioca Valley Day, de iniciativa do Clube Empreendedor do Rio, em que João Kleper, um dos mais celebrados investidores em startup do país pergunta a um diretor da Leader Magazine, uma das principais redes varejistas do Rio, se eles têm algum programa envolvendo startup. A resposta é não – com a justificativa de que eles ainda estão em processo de recuperação.
Estes dois episódios compõem o cenário devastador do furacão que passou no mundo chamado Transformação Digital. De um lado, muitas empresas como a Hering buscando resgatar o tempo perdido e, de outro, um contingente enorme de empresas envolvidas em seus próprios problemas que não conseguem dar um passo em direção ao mundo que clama por reinvenção. Henrig e Leader são apenas dois casos percebidos em uma semana que se você olhar em um mês, em um ano, veremos uns cem números de companhias nas mesmas situações. Muitas paradas e outras correndo atrás.
Por isso é louvável o movimento da Hering. Passou há bastante tempo a fase em que alguns acusariam de moda o fato das grandes empresas abrigarem e participarem de programas com startup. É preciso uma nova visão. Um novo modelo, uma nova cultura, novas ferramentas e novas soluções para problemas novos. Escrever e falar é fácil. Difícil é realmente colocar em prática. Veja: uma empresa centenária como a Hering certamente usa tecnologia, mas com toda certeza um sistema de ERP, por exemplo, destes grandes ERP que a gente conhece, hoje mais atrapalham do que ajudam.
Já existe uma miríade de startups com soluções que a rigor fazem a mesma coisa que os gigantes com pouca complexidade e por muito menos dinheiro. Não. Desculpe. Me equivoquei. Muitos fazem até melhor. Veja quais as demandas da Hering. Eles buscam “Soluções tecnológicas que possam dar mais velocidade ao processo de venda (alternativas a catálogos físicos) e que possam promover uma experiência mais completa de interação B2B (VR, RA interação com catalogo e etc); Soluções para os Showrooms físicos (Nota: lojas físicas). Soluções para aprimoramento da comunicação e engajamento de toda a rede, principalmente quanto à estratégia das marcas/produtos e argumentos de vendas a cada nova coleção”.
Sim. Você leu “Soluções para aprimoramento da comunicação”. Entre as expectativas do programa está em selecionar Marketing Tech, as famosas Martechs e empresas que trabalham com Big Data. Se em pleno 2018 você ainda não se deu conta desta revolução, corra. Talvez você use e nem sabe. Mas é preciso ir além. As soluções que as Martechs oferecem prometem um tripé fascinante. Prometem não, entregam otimização de recursos, personalização e comprovação dos investimentos. Mais uma vez, não é fácil. Por isso a Leader está “fechada” para este movimento. O grande risco é que ela deixe o bonde passar.
As empresas que não estão envolvidas com o novo mindset empresarial vivem uma agonia. Precisam salvar um Titanic que já foi atingido pelo iceberg e está afundando. A água está entrando no convés. As boias estão lá. São como as startups. Não que elas sejam as únicas redentoras. Antes vem uma mudança de cultura interna, mas é preciso tentar a todo custo evitar o naufrágio de grandes corporações e um dos melhores botes para passar deste tsunami que está devastando mercados e empresas inertes sem dúvidas é a cultura e as novas soluções de startups.
Fonte: Mundo do Marketing