Dona da Calvin Klein e Tommy Hilfiger adota metodologias ágeis e design 3D para ganhar agilidade nos processos de negócios
O grupo PVH, um dos maiores do mundo da moda, dono de marcas como Calvin Klein e Tommy Hilfiger, decidiu combater um dos grandes gargalos no desenvolvimento de suas coleções: o time-to-market. Utilizando metodologias ágeis e design 3D, a empresa diminuiu em 50% o tempo de desenvolvimento, eliminou ineficiências que eram consideradas “parte de como a coisa é feita” e, no processo, ganhou muita competitividade.
“Somos uma empresa com um forte legado, com marcas muito estabelecidas no mercado. mesmo assim, víamos que poderíamos digitalizar nosso business e trazer inovação para processos que eram feitos da mesma maneira há muito tempo”, explica Anne-Christine Polet, VP Senior da área digital da PVH Europe. Tradicionalmente, o processo de design das coleções é muito físico e exige o desenvolvimento de versões prévias de cada peça, em um caminho tortuoso que passa por equipes de design, matérias-primas e criação de protótipos, tornando o processo gradativamente mais assertivo até que se cheguem às definições dos itens que entram na coleção. “Às vezes o mesmo item passa por três ou quatro revisões até ser considerado aprovado. É complicado, ineficiente e não faz o melhor uso possível dos nossos talentos”, resume Anne-Christine.
Se existe um problema, então qual é a solução? Como liberar os designers para que se concentrem no que agrega mais valor, que é a criação? Com mudança de metodologia de trabalho e uso de mais tecnologia. “Criar design em software 3D não é algo novo, mas para isso precisávamos construir uma biblioteca digital de padrões e limites para automatizar a pré-modelagem. Vimos que precisávamos ativar cada elo do processo de uma maneira diferente”, afirma a executiva.
A saída para enfrentar o desafio foi montar uma equipe separada e interdisciplinar, com engenheiros de software, designers 3D, especialistas em moda, trendsetters e vários outros. Todos trabalhando juntos para redefinir não somente os processos, mas também as ferramentas a serem usadas. “Criamos a Stitch Academy, que construiu uma série de workshops para ajudar na capacitação das equipes”, conta Anne-Christine. Nesses workshops, a equipe também passou a ser capaz de desenvolver produtos de forma ágil, indo do esboço aos produtos físicos em 3D em um mesmo dia. “Na verdade, estamos reinventando o processo e adotando novas metodologias para lidar com a complexidade de um novo mundo e novas necessidades dos clientes”, explica.
Segundo a executiva, esse processo tem facilitado a interação das equipes, reduzido os custos de produção e trazido mais velocidade aos negócios. Ainda assim, existe um longo caminho a ser percorrido. “Somos um grupo com duas marcas e 14 divisões que atuavam de forma separada. Temos 35 mil produtos diferentes, oferecidos em 62 mil opções de cores. Temos centenas de pessoas para transformar e muita coisa para fazer. Já estamos fazendo mudanças nas lojas físicas, como vitrines digitais e operações online, mas precisamos acelerar. Nosso ciclo de produção das coleções caiu de 12 para seis semanas e iremos reduzir ainda mais, e esse tipo de mudança vai infectar toda a empresa”, acredita.