Tecnologia muda definição do que faz um produto ser de luxo, porque redefine o acesso às marcas e abre novas oportunidades de diferenciação
O que é o luxo quando o luxo passa a estar acessível a todos? Se o próprio conceito de luxo remete ao que é acessível a poucos, estamos passando por uma transformação completa no que é o luxo. Quando empresas como a Rent the Runway e a StockX passam a oferecer, por meio de aluguel, assinatura ou marketplace, roupas, calçados e bolsas de marcas high end a preços acessíveis, será que as marcas de luxo perdem seu apelo de exclusividade?
Esse foi exatamente o elefante na sala que o Modum, evento ligado à moda do Web Summit, discutiu nesta quinta-feira (07/11) em Lisboa. Josh Luber, cofundador da StockX, e Josh Builder, Chief Technology Officer da Rent the Runway, apostam no uso de tecnologia para entregar acessibilidade. “Nossa abordagem é amplia o acesso a itens que podem ser considerados de luxo porque têm alta qualidade e disponibilidade limitada, não porque têm um preço alto”, diz Builder. “Antigamente era preciso escolher acesso ou qualidade, mas hoje não. Por isso temos visto marcas de moda e de luxo respondendo positivamente ao nosso modelo de negócios”, comenta o executivo.
O que tem acontecido é que o acesso mais amplo aos produtos não significa necessariamente uma perda de valor. “Nosso negócio é um marketplace que conecta vendedores e compradores, no qual os compradores é que definem o preço do produto, como em uma Bolsa de Valores. Tivemos um caso de uma colaboração de Travis Scott e Air Jordan, em que os tênis tinham um preço de varejo de US$ 175 e, quase imediatamente, estavam sendo vendidos a US$ 1500 na nossa plataforma, tamanha era a procura”, conta Josh Luber, da StockX.
Para ambas as marcas, luxo tem mais a ver com oferecer acesso a produtos e serviços de uma forma diferente, artística, criativa. “O próprio acesso precisa ser uma experiência”, diz Builder. Dessa forma, o luxo passa a ser entendido como o acesso a algo que expresse perfeitamente a personalidade do cliente por meio do produto. “A etiqueta de preço não é mais o fator que define o acesso e o que é luxo. Nesse sentido, sim, a tecnologia mudou o significado de luxo, pois mudou a relação dos clientes com os produtos e também das marcas com os clientes”, completa Luber.