Na abertura do Web Summit, Nicolas Julia fala sobre o impacto dos token não-fungíveis sobre o comportamento das pessoas e seu papel central em um futuro digital
Uma das primeiras palestras do Web Summit abordou um tema já bastante falado, mas ainda enigmático: os NFTs. A tradução da sigla não ajuda muito, já que tokens não-fungíveis não é exatamente uma expressão do dia a dia. Na prática, NFTs são documentos digitais com garantia de procedência, o que permite que itens digitais sejam comprados em vez de simplesmente copiados indiscriminadamente.
Alguns diriam: “e daí?” Outros enxergam nos NFTs uma oportunidade de ouro.
É o caso de Nicolas Julia, Ceo e CoFounder da startup francesa Sorare, que montou um negócio avaliado em US$ 4,3 bilhões baseado em NFTs de jogadores de futebol, que são conquistados e comercializados em uma plataforma de football fantasy. Funciona da seguinte forma: cada usuário monta seu time de acordo com um orçamento que possui e ganha pontos de acordo com o que o jogador faz no mundo real. Assim, quem tem Messi no time faz pontos a cada gol ou assistência do argentino, por exemplo. Uma brincadeira que movimenta muito dinheiro.
A Sorare conta com mais de 200 times em sua plataforma e transformou essa gamificação em uma máquina de fazer dinheiro. Os usuários podem comprar cards de jogadores e aumentar sua pontuação no fantasy game, enquanto os times são remunerados de acordo com as vendas dos cards de seus atletas.
É aqui que entram os NFTs: os cards são limitados e, por terem “garantia de procedência”, não são copiáveis. E, como sua comercialização é muito mais simples do que a negociação de criptomoedas (embora utilize o mesmo conceito de descentralização e uso de blockchain), tem um grande potencial de crescimento.
É com base nesse modelo, que usa dinheiro do mundo físico para o mundo digital, que a Sorare vem se expandindo. “Estamos entrando nos EUA e iremos nos expandir para outros esportes além do futebol”, comenta Julia.
Não é difícil extrapolar o uso dos NFTs para outros negócios. Afinal de contas, todo business que venda recursos digitais (que antes poderiam ser copiados e pirateados à vontade) passam a ter rastreabilidade. Não é à toa que o CEO da Sorare tem previsões ousadas para o uso dessa tecnologia. “Nos próximos 5 a 10 anos, NFTs serão a tecnologia líder para tudo o que é valioso na internet, seja financeiramente, seja de forma pessoal”, afirma.