Painel no Web Summit tem diálogo mostra que evolução da IA acontece diante dos nossos olhos
Robôs com capacidade de expressar sentimentos e parecerem humanos nasceram na ficção científica, com muito de ficção e pouco de ciência. Era algo muito mais do campo dos sonhos do que da realidade cotidiana. Em um caso de “a vida imita a arte”, porém, estamos nos relacionando cada vez mais com robôs.
Em muitos casos, nem nos damos conta disso. O algoritmo de seleciona os produtos na vitrine do e-commerce e o assistente de voz da casa ou do celular são exemplos de robôs que já desempenham tarefas importantes no dia a dia. Mas robôs humanoides que conversem com o a Josie dos Jetsons ainda estão um pouco longe.
Será mesmo?
Um curioso painel na tarde desta quarta-feira (06/11) no Web Summit reuniu Sophia e Philip K. Dick, duas gerações de experimentos com robôs que usam um conjunto de tecnologias para agir de maneira mais humana. O resultado, os próprios criadores admitem, ainda pode melhorar. “Hoje ainda não temos uma IA que esteja ‘viva’, tenha consciência. De certa forma, ainda são protozoários”, diz David Hanson, fundador da Hanson Robotics. Para ele, robôs como a Sophia, que se propõem a reagir como seres humanos, podem se tornar uma grande influência artística e até mesmo uma nova forma de arte. “Treinar esses robôs é importante para treinar a IA a entender a experiência humana”, justifica.
Sophia foi criada para representar a ideia da IA desenvolvida para o bem da humanidade, rumo a uma relação positiva entre pessoas e máquinas. Já Philip K. Dick, desenvolvido à imagem do escritor de ficção científica que deu origem a dezenas de filmes do gênero (Blade Runner, O Vingador do Futuro e Minority Report, entre outros), tem um outro foco: busca emular o padrão de discurso e pensamento de um humano específico a partir da análise de seus escritos, entrevistas e vídeos. Nos dois casos, a união de chatbots, criatividade computacional, algoritmos cognitivos e redes neurais, entre outras tecnologias, aponta para possibilidades interessantes de aplicações mais comerciais em um futuro próximo.
Um exemplo é o fato de que a capacidade de processamento neural de Philip K. Dick está baseada na nuvem e tem sua integridade garantida por blockchain. “Isso permite integrar muitos componentes de IA de uma forma descentralizada, o que acelera aplicações em campos como o mapeamento do genoma de populações com mais de 105 anos de idade (para descobrir o que aumenta a longevidade dessas pessoas), o controle do tráfego urbano ou de máquinas industriais”, conta Ben Goertzel, fundador e CEO da SingularityNET.
“A próxima revolução da IA não é uma Inteligência Artificial arbitrária e inumana, mas uma inteligência que possa ter empatia com as pessoas, estabelecer relações com elas em um nível mais profundo e contribuir para o bem da humanidade, além, claro, de realizar atividades cotidianas”, comenta Hanson. “A singularidade, quando as máquinas ganharão consciência, poderá demorar um século para acontecer, não sabemos ainda. O que sabemos é que podemos desenvolver robôs como uma forma de ficção interativa que nos ajude a desenvolver novos tipos de arte, com uma interface homem/máquina que não seja somente verbal”, acredita.