Painel com startups brazucas no Web Summit mostra desafios para crescimento das empresas no país
Por Renato Muller
Uma das 10 maiores economias do mundo, 220 milhões de habitantes e uma população com hábitos digitais já arraigados. Ainda assim, o Brasil é um país cheio de desafios – e de oportunidades. Um painel no Web Summit 2022 apresentou os riscos e possibilidades para identificar alguns caminhos de evolução dos empreendedores locais.
“É inegável que estamos em uma grande evolução, pois saímos do zero para 30 unicórnios em questão de 5 anos. Nesse sentido, a pandemia trouxe um efeito muito positivo, pois provocou mudanças e abriu novas possibilidades”, disse Felipe Matos, presidente da ABStartups. “Vemos mais investidores-anjo e fundos de VC buscando oportunidades no Brasil, e isso é reflexo dessa evolução que temos tido”, confirma Mariana Vasconcelos, fundadora e CEO da Agrosmart.
Para Jean Sigrist, cofundador e chairman da fintech Neon, evoluções tecnológicas têm contribuído para a expansão das startups brasileiras. Um bom exemplo é o Open Banking. “Hoje há muito menos assimetria de informação do que no passado, o que ajuda os consumidores a tomar melhores decisões, reduz os custos das transações e democratiza o acesso a serviços financeiros. O Open Banking trará ainda mais transparência e capacidade de criar modelos de scoring que trarão oportunidades de relacionamento importantes”, comenta.
As climate techs também deverão ter boas possibilidades. “O agro brasileiro tem uma enorme oportunidade de entrar no mercado de captura de carbono e ocupar uma posição relevante, pois podemos usar as agrotechs para criar modelos de negócios criativos e financiar a transição rumo a uma economia carbono neutra”, acredita Mariana, da Agrosmart.
Ainda assim, existem pontos espinhosos a resolver. O principal deles talvez seja o sistema tributário. “Existe pouco incentivo para que empresas e pessoas físicas invistam em startups. Sistemas como benefícios fiscais poderiam contribuir muito nesse sentido”, afirma Felipe Matos. A falta de talentos, que é um problema mundial, também é uma questão a ser resolvida – e uma oportunidade para edtechs.
E, finalmente, existe a necessidade de ainda mais capital para investimentos. “Qual é o incentivo para investir em startups em um mercado com a Selic a 13,75%? É um desafio que afeta nossa capacidade de captar investimentos e estender nossa rampa de decolagem. Por isso, as startups precisam buscar continuamente aportes e, ao mesmo tempo, manter uma grande disciplina financeira”, conclui Mariana.