Diante do grande volume de startups que não sobrevive mesmo recebendo grandes investimentos, vários presidentes e ex-CEOS de grandes companhias estão entrando nesse mercado para ajudar na gestão das empresas escolhidas para receber o aporte financeiro.
Um grupo de 68 executivos como Monica Herrero (Stefanini), Paulo Mancio (Accor), Renato Franklin (Movida), Marcelo Munerato (Aon), José Roberto Loureiro (ex- Laureate), entre outros, está alocando recursos próprios e a experiência em suas respectivas áreas num projeto batizado de BR Angels, que investe em startups. “Temos ajuda em questões estratégicas, ferramentas de finanças e contatos que eles nos passam. Muitas vezes, o investidor anjo coloca o dinheiro e sua participação termina aí”, disse Deborah Foloni, fundadora da Chiligum, startup de marketing digital investida da BR Angels.
A Bewater investe em empresas mais consolidadas, com receita na casa dos R$ 100 milhões ou próximas de atingir esse patamar. Empresas desse porte já atraíram investidores e demandam mais do que nunca uma gestão para continuar avançando. “Investimos naquelas empresas de porte intermediário consideradas pequenas para os private equities e grande demais para os fundos de venture capital. Esse nicho não é bem atendido no Brasil”, disse Filgueiras, conhecido como Degas, que se juntou a Armaganijan na empreitada. A Bewater faz aportes entre R$ 60 milhões e R$ 125 milhões – esse dinheiro vem recursos próprios, investidores pessoa física, family offices e fundos de investimento.
“Fazemos uma pré seleção das startups mais interessantes, depois o executivo da área faz uma análise mais aprofundada. Quando um ativo é escolhido, todos os 68 executivos do grupo entram com aportes na mesma cota e valor”, disse Loureiro, integrante da BR Angels e ex-presidente do grupo educacional Laureate e da seguradora Metlife.
No caso da Bewater, houve uma junção da experiência de Degas no setor de serviços com o longo conhecimento de Armaganijan na indústria. Durante os últimos seis anos, Armaganijan presidiu a Kraft Heinz, na Itália, e foi vice-presidente operacional da companhia, nos Estados Unidos. Antes, trabalhou na Whirpool e Bain& Company. “Trabalhava com uma equipe de 18 mil pessoas e gerenciava recursos de US$ 7 bilhões, além de planejar investimentos de US$ 1,5 bilhão em novas fábricas”, contou Armaganijan sobre sua experiência como dirigente na Kraft.
A outra investida da Bewater é a BeeTech, uma startup de remessas financeiras internacionais que tinha como meta entrar em novos mercado e aumentar seu time de 60 para 200 pessoas.
A Bewater planeja ser sócia de mais quatro empresas em dois anos. “Não podemos ter muitos projetos ao mesmo tempo porque estamos no dia a dia dos negócios que investimos”, disse Degas, que também faz parte do conselho da Cultura Inglesa, do Rio, e participa dos negócios da família, o Grupo Emiliano.
De acordo com Orlando Cintra, presidente da BR Angels, o grupo investe entre R$ 500 e R$ 1,5 milhão e há negociações adiantadas com quatro startup das áreas de saude, educação, agronegócios e fintech.