Nos últimos meses, por conta da crise causada pela pandemia do novo coronavírus, as empresas de todos os tamanhos – de startups no Brasil a grandes multinacionais – tiveram que se adaptar a um novo cenário. Em virtude disso, emergiu um nível maior de parceria entre o setor privado, governos e startups. Durante conversa no Liga Open Innovation Summit, Irene Arias, CEO do IDB Lab, o laboratório de inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e Andre Fernandes, vice-presidente na consultoria Bain & Company comentaram sobre o futuro dessas parcerias.
“Depende de nós assegurarmos que isso aconteça”, resume Iene. “A aceleração que vimos nos últimos meses é boa, existem muitas lições do setor da saúde. Espero que a gente continue nessa direção.”
Colaboração no ecossistema de startups no Brasil
“As parcerias vão se tornar cada vez mais rápidas”, afirma Andre durante o evento. “Vemos os maiores inovadores falando que é a época de mudar o modelo de negócio, de encontrar outras formas de crescer. E também vimos empresas que estavam começando o processo de inovação cortarem os investimentos para proteger o negócio, e são as que mais sofreram agora.”
Segundo o executivo da Bain & Company, o atual cenário evidenciou a importância de trabalhar a inovação nas empresas. “Todo mundo agora está pensando em como resolver essa mágica de trabalhar com inovação e com o ecossistema.”
Esse caminho de aprender a inovar, segundo Irene e Andre, passa pela colaboração.
“Acho que a combinação governo, organizações não governamentais, empresas e startups é o que realmente vai trazer inovação.”
Andre Fernandes, vice-presidente na consultoria Bain & Company
“Inovação não acontece em isolamento. É impossível inovar sozinho”, diz o executivo.
Colaboração para sair da crise
Para Irene, a colaboração é, inclusive, um caminho para sair da crise.
“É uma questão de conseguir aproveitar as capacidades de alguns de nós e não fazer sozinho, criar conexões e pontos.”
Irene Arias, CEO do laboratório de inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento
Ela acredita que, hoje, há uma disposição maior das empresas em colaborar.
No entanto, ainda faltam bons exemplos de colaboração no Brasil. Andre recorda um estudo divulgado pela Bain & Company no começo de 2020 que comparava a inovação aberta no Brasil e nos Estados Unidos. “Percebemos que, no Brasil, 80% ainda estavam nos estágios iniciais da jornada de inovação. Nos Estados Unidos, 25%”, exemplifica. Segundo ele, o questionamento para as empresas passa por perguntas como “Tem estratégia e fundos? Há comprometimento? Tem as ferramentas necessárias para a inovação e investimentos? Estão trabalhando com ideias ágeis? Há compensação para as pessoas que erram na empresa? Está trazendo parcerias?”
O vice-presidente na consultoria Bain & Company diz que, entre as empresas no Brasil ouvidas, 46% falam que estão trabalhando com inovação aberta. “Elas estão tentando, mas ainda não vemos muitos resultados. Existem poucos programas com resultados reais.”
Irene cita como exemplo um dos programas de inovação aberta que o IDB Lab tem e que usa o Hospital das Clínicas com o objetivo de validar soluções de saúde. Para ela, é importante pegar os bons exemplos, ainda que poucos, e levá-los para outras empresas.
Fonte: Whow