“Governos parecem sólidos, pesados, lentos. Por isso gosto de levar a mentalidade de startup a governantes”, diz o diretor da big tech, Jeffrey Kratz
Jeffrey Kratz, diretor da Amazon responsável por aproximar o setor público da plataforma de serviços de computação em nuvem AWS, cuida de 34 países (todo o continente americano, menos os Estados Unidos). Ou, como prefere chamar, de 34 “crianças”. “Eu amo todas as minhas crianças, mas o Brasil me inspira”, diz. “Cada vez que eu vou embora, me sinto empolgado pelo potencial daqui”. Se é assim, Jeffrey terá muita inspiração nos próximos meses. A Amazon programou uma série de visitas a governantes brasileiros, a fim de oferecer soluções para cortar custos e aumentar a eficiência. “Podemos fazer muita coisa. Adoramos resolver problemas”, diz.
Por que a Amazon programou uma série de visitas a governantes brasileiros nas próximas semanas?
Há algum tempo os ministérios sabem da existência de certas possibilidades, mas não exploram. Esse ano, o Governo Federal adotou novas regras para contratos de tecnologia que dão preferência à computação em nuvem, inteligência artificial é um assunto de que todo mundo fala… Mas muitas vezes não sabem bem o que fazer com isso. Então, no meio de setembro, vamos a Brasília responder dúvidas. Tem tanta coisa acontecendo. A gente quer ensinar, sem custo, como aproveitar as novas tecnologias.
Que perguntas você ouve dos governantes em Brasília?
Me perguntam “Jeff, como você equilibra segurança com inovação?”. No dia 17, vamos levar o comandante Michael South, antigo CIO na Marinha americana, para falar a gestores públicos sobre proteção de dados.
O antigo mantra do Facebook, “mover-se rápido e quebrar coisas”, não se aplica a esferas de governo…
Não mesmo. As pessoas não se preocupam em pedir comida por um aplicativo, mas já um governo… Governos parecem sólidos, pesados, lentos. Por isso gosto de levar a mentalidade de startup a governantes. A prudência em si é justificada, mas não pode imobilizar. Com tecnologia, o governo pode agir com a agilidade de uma startup e ao mesmo tempo se tornar mais seguro.
O que a Amazon pode fazer para promover crescimento econômico no Brasil?
Oito em cada dez jovens no Brasil estão na escola, isso é um avanço. Mas por que a produtividade do brasileiro, segundo o Fórum Econômico Mundial, não avança desde 1990? Como diminuir a evasão escolar? Como incentivar o interesse por matemática e ciências tecnológicas? Como podemos usar, por exemplo, realidade aumentada na educação? A Amazon investe no Brasil há oito anos. Estamos em mais de 100 universidades, ajudando professores a ensinar e também divulgando a importância das melhores práticas de cibersegurança. Na cidade de Santos, anunciamos parceria em um novo parque tecnológico. Com o Senai, assinamos um acordo para ajudar a treinar 2 milhões de alunos.
Desculpe pelo trocadilho, mas nas últimas semanas ele se tornou inevitável: como a Amazon pode ajudar a Amazônia?
Sem problemas (risos), é uma pergunta bastante oportuna. Na parte colombiana da Amazônia, o presidente (Iván Duque) Márquez pediu nossa ajuda para combater o desmatamento e a mineração ilegal. A AWS (Amazon Web Services) está usando inteligência artificial para analisar imagens aéreas da floresta, tiradas por aviões passam a cada 45 minutos. Eu soube dos incêndios no Brasil, uma coisa horrível. Podemos produzir fotos infravermelhas das árvores e mostrar como o fogo avança, em lugares onde drones não conseguem voar. Além de ajudar na investigação, isso pode orientar a remoção de pessoas ou animais, além de ações para proteger oleodutos. Temos uma equipe pronta. Basta o governo brasileiro nos chamar que ajudaremos. Fizemos isso quando a presidente Dilma pediu ajuda para combater a epidemia de vírus zika à véspera da Olimpíada. Em 72 horas, ajudamos a consolidar e compartilhar informações entre 250 postos de saúde no país. A gente adora resolver problemas.
Fonte: Época Negócios