Para Emanuele Rodrigues, Diretora de Marketing e Trade do Grupo Tapajós, parcerias com startups aceleram inovação
Durante a NRF Big Show, maior evento de varejo do mundo, o OasisLab conversou com varejistas, fornecedores, investidores e especialistas em varejo para entender o momento da transformação digital no Brasil e como as empresas estão se posicionando no mercado. O estudo RetailTech Mining Report 2019 traz várias entrevistas, mas algumas você lê somente no site do OasisLab.
O Grupo Tapajós, uma das maiores empresas do setor farmacêutico da região Norte do País, com suas bandeiras de varejo Santo Remédio e Flexfarma, além da distribuidora Tapajós, encara a transformação digital como um ponto de contato com o novo mundo dos negócios e uma oportunidade de se reposicionar. Nesta entrevista, Emanuele Rodrigues, Diretora de Marketing e Trade do Grupo Tapajós, mostra como a empresa tem se posicionado em relação às mudanças do mercado e como vê o papel das startups na aceleração das inovações.
O que sua empresa está fazendo para ter um maior contato com a transformação digital?
Emanuele Rodrigues – A Presidência e o Conselho Administrativo já entenderam que a transformação digital é o nosso ponto de contato com esse novo mundo. Só temos a ganhar com isso. Nosso presidente foi até Israel e nos filiamos à Abrafarma (Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias), nos conectando com mais pontos de contato, pessoas diferentes, fazendo networking. Fomos este ano à NRF Big Show para entender e absorver o máximo de coisas possíveis e tentar trazer isso para a empresa, procurando usar isso tudo para facilitar o dia a dia. Muitas vezes, a maioria das pessoas acha que o que vemos na NRF é muito distante do nosso mundo, mas não é, porque você pode usar a tecnologia para tratar de coisas primordiais.
O grande desafio é fazer um 2019 diferente por meio da transformação digital. A gente sabe que não vai conseguir fazer tudo de uma vez, mas precisa começar. E é como construir uma casa: tem que fazer a base, fazer um alicerce, e o nosso 2019 é justamente para preparar essa base, com as informações que trouxemos da NRF para envolver as pessoas e iniciar nosso movimento de mudança.
Como você vê a aproximação de startups do ecossistema de varejo para acelerar o processo de transformação digital?
Emanuele – Acredito que as empresas têm dois caminhos. O primeiro é o de desenvolver soluções internas, o que na maioria das vezes não é o indicado, devido ao custo X tempo. Fazendo internamente, é preciso encontrar as pessoas para fazer corretamente, na maioria das vezes sem ter necessariamente a experiência para aquilo. Outro caminho é montar um hub em que você pega todas essas startups que já têm experiência em segmentos específicos, e você pode então acelerar o seu processo.
Não adianta nada eu querer lançar um aplicativo, desenvolver em casa internamente e lançar daqui três anos, porque ele já vai nascer morto. Enquanto isso eu posso pegar essas startups e ir juntando as soluções e recursos de que preciso, para daqui a alguns meses já lançar e sair à frente. Isso é muito importante, porque são empresas normalmente muito disruptivas e você aprende muito com elas. Às vezes você está pensando em alguma coisa menor e então vê que o universo é repleto de possibilidades.
Como você tem visto a evolução do uso de inovações digitais no setor farmacêutico?
Emanuele – Inicialmente, vendo a realidade que está acontecendo no mundo, quando falamos de tecnologias, inteligência artificial é uma coisa que já está muito mais próxima das empresas e das pessoas. Tudo o que temos visto acontecer é para reduzir o tempo que gastamos com as atividades, pois tempo é o que temos de mais precioso, e assim sobra mais tempo para fazermos outras coisas. Mas onde eu atuo, na região Norte do País, essa realidade ainda é muito distante. Os processos são muito manuais, as informações ainda não chegaram e existe uma grande oportunidade de mudança. Para aumentar a produtividade, para atender melhor os clientes, para que a gente entenda melhor os números que estão acontecendo, os dados transacionados que estão passando todos os dias em cada transação que acontece.
Falando de Grupo Tapajós e de nossas marcas, a gente tem cerca de 1,5 milhão de transações mensais. E aí, o que a gente está fazendo com essas transações? O que estamos entendendo a partir disso tudo? Existe uma grande oportunidade a explorar.
Quais são os principais desafios nessa jornada de transformação digital e busca de novas tecnologias?
Emanuele – Vejo esse desafio com base num tripé: cultura, processos e tecnologia. Tudo é questão de cultura: precisamos impactar as pessoas e mudar nossa forma de pensar, o que não é fácil, pois envolve pessoas diferentes de meios diferentes. Já no que se refere aos processos, tudo estava montado de acordo com um jeito antigo de fazer as coisas, então temos que rever. E aí você fala em tecnologia, que na maioria das vezes é algo bem complexo, porque muitas pessoas não sabem usar de forma correta.
Quando eu falo em melhorar os processos, primeiro precisamos pensar na cultura, para que as pessoas pensem nessa cultura digital. Então podemos direcionar os processos de acordo com essa nova cultura e utilizar todas as tecnologias para direcionar esses processos de forma correta e fazer com que a cultura esteja alinhada.
Fonte: Redação