A venda de veículos usados costuma dar trabalho para os proprietários – e também para os compradores. Depreciação de preços pelas concessionárias, anunciar em plataformas on-line e a insegurança de fazer negócios com estranhos são algumas das dificuldades. Mas, para mudar esse cenário, diversas startups surgiram, inovando e reduzindo as inseguranças de parte a parte, além de corrigir assimetrias de preços.
São negócios que buscam abocanhar parte de um mercado que movimentou 14,2 milhões de veículos em 2017, conforme a federação de revendedores (Fenauto). “É um mercado grande, do tamanho das dores de quem deseja comprar ou vender”, diz Maurício Feldman, sócio-fundador da Volanty, marketplace de carros seminovos em operação desde maio de 2017.
A startup com sede no Rio de Janeiro apostou em “centros de atendimento” que fazem a inspeção completa de mais de 150 itens do veículo. Um algoritmo proprietário vasculha a internet para pesquisar preços e sugerir o valor adequado para o carro, considerando variáveis como modelo, ano de fabricação e quilometragem. Cabe à Volanty o anúncio do veículo e o agendamento da visita dos potenciais interessados em um dos três centros de atendimento em operação. A startup cobra comissão de 7% sobre o valor da venda. Mensalmente, são negociados até 30 veículos por loja. Até o fim de 2019, a meta é ter 15 centros em operação.
O modelo da Carflix, startup paulistana em operação desde 2017, também elimina intermediários. A vistoria é feita na casa do dono. A inspeção inclui a avaliação por um perito de mais de 150 itens (mecânica, elétrica, lataria etc). “Auxiliamos o cliente na precificação. Muitas vezes ele não tem nenhuma noção de preço”, diz o CEO Fabio Pinto.
A empresa anuncia o veículo na plataforma própria, em quatro grandes classificados on-line (Webmotors, iCarros, OLX e Mercado Livre) e negocia diretamente com os potenciais compradores. “Em caso de venda, funcionamos como uma câmara de compensação. O comprador paga à Carflix, o vendedor faz a transferência do veículo e recebe o dinheiro”, diz. O estoque de veículos cresceu 630% de janeiro a outubro.
A AutoAvaliar, em operação desde 2013, apostou em um modelo de negócios com duas frentes. A primeira usa tecnologia e inteligência de dados para facilitar as tarefas de avaliação e precificação das concessionárias que adquirem veículos seminovos e usados de pessoas físicas. A startup fechou parceria com a alemã Dekra, uma das maiores empresas de inspeção veicular do mundo, que aloca um perito para avaliar, em 10 minutos, as condições gerais do veículo.
As informações são inseridas em um app e o sistema cruza referências de preços de carros do mesmo ano, modelo e quilometragem com dados do mercado, da tabela Fipe e de uma tabela de preços desenvolvida pela própria startup. “A plataforma gera inteligência e a concessionária passa a pagar um valor justo pelo veículo”, diz o sócio Daniel Nino.
Mensalmente, as 2,8 mil concessionárias parceiras inspecionam, em média, 150 mil veículos. A taxa de compra varia de 25% a 28% desse total. Dos veículos adquiridos, cerca de dois terços são revendidos diretamente para os consumidores nas próprias concessionárias. O restante – e aqui entra o segundo pilar de negócios da AutoAvaliar – é anunciado na plataforma B2B da startup, em um sistema de pregão eletrônico voltado para lojas multimarcas – são 30 mil lojas cadastradas na plataforma. “Devemos encerrar 2018 com 140 mil carros transacionados nos pregões, alta de 100% sobre 2017”, diz.
A InstaCarro, em operação desde o fim de 2015, também aposta no leilão on-line para a venda de seminovos. O cliente faz uma cotação on-line e agenda a inspeção nas 13 lojas da startup. Em seguida, o veículo é colocado em um leilão com duração de 30 minutos. No pregão, mais de duas mil concessionárias e lojas multimarcas cadastradas podem dar lances – o vendedor recebe múltiplas ofertas, escolhe a melhor e, se aceitar, recebe o pagamento à vista. “Já foram comercializados mais de 15 mil carros desde o início da operação”, diz o sócio-fundador Luca Cafici.
Fonte: Valor Econômico