Painel do Brazil at Silicon Valley contou com participaçao de Hans Tung, gerente da operação norte-americana da GGV Capital
“Minha maior preocupação não é encontrar o capital, e sim garantir a penetração de um negócio.” A frase foi dita por Hans Tung, gerente da operação norte-americana da empresa de capital de risco GGV Capital, durante o painel “China – O surgimento de uma potência de inovação”. O encontro, que teve como moderador o brasileiro Hugo Barra, ex vice-presidente da Xiaomi e atual VP de realidade virtual do Facebook, aconteceu nesta terça-feira (09/04) durante o Brazil at Silicon Valley, evento de empreendedorismo e inovação organizado por estudantes brasileiros em Stanford.
Durante a sessão, foram debatidos o ecossistema de inovação chinês, a relação dos chineses com com a tecnologia e as lições que a potência tem a ensinar ao Brasil.
Segundo Tung, um dos fatores que acelerou a grande reviravolta tecnológica chinesa foi o surgimento dos meios de pagamento digitais, em 2005. “Dispor de um sistema que garante o destino de seu dinheiro para um local seguro criou uma atmosfera muita mais propensa à circulação econômica virtual”, afirmou. Essa seria uma das razões para o sucesso de empresas de e-commerce como o Alibaba. Confira abaixo cinco lições que a China tem a ensinar sobre tópicos como empreendedorismo, trabalho e inovação.
O segredo do Alibaba
O fenômeno comandado por Jack Ma serve de modelo para negócios em todo o mundo, afirmou Hans Tung. “A Alibaba deve ser um parâmetro quando se fala em inovação no e-commerce, sobretudo no que se refere à logística. A automação no armazenamento e nas empresas foi fundamental para o sucesso. Quer dizer, você não precisa se preocupar com eficiência da sua força de trabalho quando você tem os robôs corretos”, completou.
Para ele, atender às demandas do mercado de massa deve ser prioridade para as empresas, acima das exigências de públicos segmentados. “O Alibaba chegou onde está porque combinou um modelo de negócio inovador com as necessidades do mercado de massa.”
IA a serviço do crescimento
A capacidade de captação, armazenamento e análise dos dados da população chinesa é fundamental para o crescimento das empresas, disse o executivo. “O uso dos dados pessoais pelas empresas de tecnologia permite uma personalização das preferências do consumidor. Isso gera ofertas personalizadas. Quando o Alibaba faz suas promoções, milhões de transações são feitas em questões de segundos”, diz. Nesse momento, diz Tung, existe um esforço concentrado para desenvolver sistemas de reconhecimento facial mais avançados no país.
Espaço para o erro
Um dos temas debatidos foi a participação do governo em empresas chinesas, principalmente no ramo tecnológico. Para Tung, as empresas não são influenciadas pelo governo nos seus primeiros anos de gestação.”Na China, a meritocracia fala muito alto”, diz. Relacionar-se com o governo nem sempre é sinônimo de sucesso. “Deve haver espaço também para o erro.” Para que o país seja mais empreendedor, não basta a ação do governo, diz ele. “É preciso que haja mais pessoas que queiram ser engenheiros, e não médicos.”
Inspiração internacional
Segundo Tung, existem modelos de negócio que podem (e devem) ser copiados para o mercado brasileiro. Ele citou como exemplo startups que invistam em transmissões ao vivo e apostem na melhoria da transmissão e compartilhamento de vídeos pela internet. “Se surgisse uma boa empresa nessa área, eu investiria nela”, brincou o executivo.
Fonte: Época Negócios