Em 2019, o Brasil ganhou novos unicórnios — startups avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais. O país foi o terceiro a formar mais empresas como essas. Gympass, Loggi, Quinto Andar, Ebanx e Wildlife alcançaram o título e se juntaram a outros nomes como Nubank, Ebanx e QuintoAndar. O que podemos esperar para 2020?
Acompanhando os últimos acontecimentos no ecossistema de inovação e analisando fundos de capital de risco, de private equity e bancos de investimentos, a consultoria norte-americana Tracxn publicou uma lista dos soonicorns e minicorns que merecem nossa atenção. Os termos se referem, respectivamente, a startups que têm grandes chances de ultrapassar a tão sonhada marca em breve ou a médio prazo.
O estudo leva em consideração empresas altamente valorizadas e com sucesso desde a fundação. Com base nestes parâmetros, um setor se destacou. Para 2020, a Tracxn publicou um documento especialmente dedicado ao mercado de fintechs. E não foi por acaso: de acordo com um levantamento realizado pela empresa, existem cerca de 5 mil startups no Brasil, das quais mais de 600 oferecem serviços financeiros — número que cresce a cada ano.
Os próximos unicórnios
Criada em 2012, a Creditas é a primeira startup citada pela Tracxn como uma soonicorn. A fintech de empréstimos ganhou ainda mais visibilidade depois de receber um aporte de US$ 231 milhões liderado pelo Softbank — grupo japonês responsável por alguns dos maiores investimentos do ecossistema de inovação. Pouco antes, a startup ainda anunciou a compra de uma startup de crédito e revelou planos de triplicar sua receita até o final de 2019.
O estudo também destacou o Guiabolso como uma das fintechs mais promissoras. A startup foi fundada em 2012 para transformar, com ajuda da tecnologia, a forma como os usuários lidam com as finanças. Com mais de 6 milhões de clientes cadastrados, a empresa busca se tornar um hub com diversos serviços.
Além da Creditas e Guiabolso, outras três startups poderão se tornar unicórnios em breve: a Neon, que no final de 2019 levantou R$ 400 milhões em uma rodada de investimentos; a Weel, plataforma online de antecipação de recebíveis que também recebeu um aporte no mesmo ano; e ContaAzul, startup catarinense de gestão de empresas.
Outros destaques
Fintechs em estágio inicial, mas com grande potencial de se tornar unicórnios a longo prazo, também foram destacadas pela Tracxn. A Contabilizei é uma delas. A startup foi criada em 2013 por Vitor Torres (foto em destaque), que abandonou a vida militar para empreender. Em 2019, a empresa recebeu R$ 75 milhões em uma rodada liderada pelo fundo americano Point72 Ventures.
A corretora digital Warren também foi citada pela Tracxn por conta de seu crescimento acelerado. Compondo a lista das minicorns, a fintech usa inteligência artificial para ajudar clientes a investirem. No ano passado, a startup recebeu R$ 25 milhões em uma rodada liderada pelos fundos Ribbit Capital e Kaszek Ventures, que também investiram no Nubank e GuiaBolso.
Outras 14 startups apareceram na lista pelo alto potencial de crescimento e pela escala de suas soluções, entre elas Pitzi, RecargaPay, idwall, Cora, Pier e Vindi.
O ano das fintechs
De acordo com um estudo realizado pelo boostLAB, programa de startups do BTG Pactual, o valor investido nas startups do setor financeiro aumentou mais de sete vezes entre 2016 e 2018 no Brasil — saltando de R$ 203 milhões para US$ 1,5 bilhão.
O cenário otimista pode ser atribuído a alguns fatores. Com a chegada das fintechs, o mercado passou por uma verdadeira revolução. Por meio da tecnologia, as startups trouxeram serviços mais acessíveis, inclusão aos desbancarizados e soluções de educação financeira para mais de 63 milhões de inadimplentes no Brasil — número atualizado pela Serasa Experian no início deste ano. Com esse movimento, as fintechs podem expandir seus negócios.
Além disso, a regulamentação do open banking também tem impulsionado o crescimento dessas startups. O modelo brasileiro tem sido discutido há vários meses pelo Banco Central e trará grandes mudanças. De acordo com o órgão federal, as normas sairão em breve e devem trazer flexibilidade para que pequenas instituições financeiras possam testar novos produtos, serviços e modelos de negócio inovadores.
Não se pode negar que 2020 será um ano promissor para as fintechs. Para entender melhor o mercado, o modelo de gestão e as ferramentas que estão desbancando os grandes bancos tradicionais, participe da Fintech Conference, que acontecerá em São Paulo neste ano.
Fonte: Startse