Segundo Arco, Nubank, Stone e 99, chave para o sucesso inclui cultura corporativa sólida, mas fluida
A chave para o sucesso de startups inclui soluções criativas para problemas, um modelo de negócio voltado à cultura local e a criação de uma cultura corporativa sólida, mas fluida. A lista de fatores emergiu na conversa entre Ari Neto, fundador e CEO do Arco Educação, Cristina Junqueira, co-fundadora do Nubank, André Street, fundador da Stone Pagamentos e Tony Qiu, CEO da América Latina do 99. Os quatro representantes de “unicórnios” formaram um dos painéis mais concorridos da Brazil Conference at MIT and Harvard.
Unicórnios são startups que valem pelo menos US$ 1 bilhão. Atualmente, há seis delas no Brasil, de acordo com o moderador e partner da Valor Capital Group, Michael Niklas. Essas empresas atuam em setores muito diferentes, como educação, finanças e transporte. O painel se concentrou em descobrir o que elas têm em comum.
Neto contou que a Arco Educação surgiu como uma solução para a baixa escolaridade e baixa qualidade de ensino no Brasil; Junqueira disse que considera frustrante lidar com bancos tradicionais no Brasil e que o Nubank se diferencia desse sistema; Street afirmou que a Stone quer ensinar donos de negócios e dar a eles mais ferramentas para que possam crescer; Qiu contou que a 99 vem como resposta ao sistema de transporte caro, congestionado e perigoso.
Segundo eles, ter uma solução bem estruturada e inovadora para problemas como esses – e, segundo Junqueira, há muitos outros no Brasil – é um dos segredos para um bom negócio.
Cultura corporativa também foi um tema muito discutido. Como representantes de startups que cresceram rapidamente em seis anos, eles disseram que ter uma base de valores desde o começo ajuda a recrutar, avaliar e manter funcionários. Segundo Street, manter essa cultura quando há um crescimento rápido é importante para manter as estruturas da empresa. Apesar de ser uma prática difícil, empreendedores precisam ter diálogos abertos regulares sobre os valores da empresa, para que a cultura corporativa continue sólida, disse Neto.
Porém, de acordo com Junqueira, não é possível ter uma cultura petrificada que se mantenha com o crescimento da empresa. Ela disse ser normal mudar as estruturas e que o Nubank constantemente desenvolve a cultura. Empreendedores precisam aceitar que a cultura mude, ela disse, mas ainda assim é preciso ter um norte e um conjunto de valores com que todos na empresa concordem.
Os representantes dos unicórnios também chamaram a atenção para o fator local: de acordo com eles, não é possível simplesmente importar um modelo de negócios que deu certo no exterior e aplicá-lo diretamente e com sucesso no Brasil. Porém, disse Street, é importante que empreendedores aprendam com fundadores de empresas bem-sucedidos para desenvolver uma ideia e solução.
Para Qiu, o investidor chinês do painel, há muitas soluções em termos de tecnologia que se pode importar da China no Brasil. Mas ele avisa de que o fator local é um dos mais decisivos no sucesso de uma empresa, já que as soluções precisam atender a um público específico de uma cultura única.
Fonte: Época Negócios