Segundo levantamento da BayBrazil, 39 startups criadas por brasileiros operam atualmente na região
Uma pesquisa realizada recentemente pela BayBrazil mostrou que atualmente há 39 empresas operando no Vale do Silício que foram fundadas por brasileiros. A maioria (35) é focada em tecnologia. A organização sem fins lucrativos que estimula os negócios entre companhias dos Estados Unidos e do Brasil, criada em 2010, fez um levantamento para identificar o perfil dos brasileiros que viajam ao Vale do Silício para empreender.
Diversidade é uma característica importante que fez com que o Vale do Silício se tornasse o centro empreendedor que é. Um estudo recente feito pela Fundação Nacional para Política, dos EUA, mostra que mais da metade dos unicórnios (startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão) têm pelo menos um fundador que é imigrante. O governo americano estima que 426 mil cidadãos brasileiros vivem nos Estados Unidos, e que a taxa de participação dos brasileiros na força de trabalho é a mais elevada entre os grupos de imigrantes. São também o grupo com maior índice educacional – em 2014, 38% dos imigrantes brasileiros de 25 anos ou mais tinham ensino superior completo.
De acordo com o estudo, a maioria deles são homens e têm entre 40 e 49 anos. Do total, 28% são mulheres. Angelica Cunha, fundadora da Zavely, que ajuda estudantes e suas famílias a aumentar a renda e investir para pagar a faculdade, afirma que estar na região ajuda os negócios. “O Vale do Silício é o lugar ideal para lançar uma startup por causa dos recursos disponíveis, como investimentos e conselheiros experientes, e do ambiente competitivo que precisamos superar para alcançar o sucesso”, diz ela.
A maior parte das empresas criadas por eles estão ainda nos estágios iniciais, mas algumas já avançaram mais. É o caso da Brex, empresa de cartão de crédito corporativo para startups lançada em junho passado em São Francisco, que conseguiu US$ 57 milhões de investidores como os fundadores do PayPal, Peter Thiel e Max Levchin. É o quarto empreendimento de Henrique Dubugras e o segundo de Pedro Francheschi, fundadores da Brex. “O Vale do Silício é muito competitivo, e quem tiver planos para se mudar e começar uma companhia aqui precisa estar bem preparado. Nossa experiência anterior como empreendedores no Brasil está nos ajudando a cometer menos erros”, diz Dubugras.
Nos últimos anos, a BayBrazil notou uma pequena onda de empreendedores brasileiros se mudando para a região com o objetivo de expandir empresas que já foram fundadas no Brasil ou para lançar novos empreendimentos.
A primeira startup brasileira a fazer esse movimento foi a Movile, que iniciou suas operações em Sunnyvale em 2012. A empresa levantou US$ 375 milhões em investimentos internacionais. Hoje, a Movile tem 15 escritórios em sete países diferentes. À Margarise Correa, fundadora da BayBrazil, o cofundador da empresa, Eduardo Lins Henrique, afirmou: “No Vale do Silício, aprendemos a pensar globalmente. Brasileiros costumam ter a ‘síndrome de vira-lata’, o que significa valorizar o que vem de fora e não ver o potencial no nosso país. Na Movile, nosso objetivo é ser líder global nos verticais em que operamos. Aprendemos essa mentalidade no Vale do Silício”.
Outros empreendedores aprenderam a mesma mentalidade em suas passagens pela região. “Estamos aqui para construir uma ótima empresa e competir com os melhores players do mundo”, diz Carolina Reis Oliveira, fundadora da OneSkin, empresa que desenvolveu uma tecnologia que imita tecidos do corpo humano para entender o processo de envelhecimento.
A presença brasileira no Vale do Silício aumentou nos últimos três anos, em meio à recessão pela qual passa o Brasil. “Um número crescente de pessoas que conheço está considerando sair, especialmente com destino aos Estados Unidos. Alguns desses empreendedores têm uma ‘fadiga com o Brasil’, após vários ciclos de problemas econômicos e políticos, assim como uma preocupação geral com a segurança. Há também um aumento do número de estudantes brasileiros aqui, o que tem contribuído para a comunidade de brasileiros alcançar uma massa crítica”, afirma Vicente Silveira, presidente do conselho da BayBrazil.
Fonte: Época Negócios