Qual o melhor lugar para criar unicórnios? Onde nascem e florescem as melhores startups? Como garantir que uma cidade, um país, um ecossistema, oferecem as condições ideais para que a inovação disruptiva floresça? Desde 2015, a Startup Genome tenta responder tudo isso com seu relatório The Global Startup Ecosystem Report, e acabou de lançar a edição de 2020 com um monte de insights importantes para empreendedores, VCs e agências governamentais interessados em atravessar o século 21 liderando a fila.
O estudo, em parceria com a Global Entrepreneurship Network (GEN), mapeia e analisa ecossistemas globais e identifica que conjunto de condições eles oferecem para serem fomentadores de inovação. Entre as métricas para avaliar a qualidade dos ecossistemas estão performance, disponibilidade de fundos, alcance de mercado, conectividade, experiência e talento e conhecimento.
O número de ecossistemas avaliados praticamente dobrou comparado com 2019: foram 270, distribuídos por 100 países. Desses, o estudo deste ano tirou os Top 30 e os 10 “quase top”, mais conhecidos como runners-up e, novidade, uma lista com outros 100 locais batizados de “Emerging Ecosystems”, que ranquearam logo abaixo dos primeiros 40.
No ranking de 2020, a boa nova é a volta de São Paulo aos Top 30 (tinha caído em 2017), exatamente em trigésimo lugar. E o destaque para Curitiba na lista dos ecossistemas emergentes (#91), que ganha visibilidade como um ecossistema de ativação, classificada em segundo lugar nos ecossistemas da América Latina por performance, com destaque por ser terra-natal da Ebanx, um dos mais recentes unicórnios brasileiros.
Os 7 primeiros da lista, tirando Londres, estão lá desde o primeiro ranking em 2015: Silicon Valley em primeiro, seguido de Nova Iorque e Londres (praticamente empatadas), Pequim, Boston, Tel Aviv-Jerusalém e Los Angeles (também empatadas).
A diferença em 2020 é o salto dos ecossistemas da Ásia-Pacífico: 30% dos top 30 vieram de lá, incluindo Seul (que ganhou um capítulo especial) e Tóquio, ambas ganhando pontuação máxima em conhecimento (uma métrica que reflete o investimento em R&D), o que lhes garantiu estar entre as Top 20, desbancando Bangalore e San Diego. A métrica de R&D também favorece as chinesas Shenzhen (#22) e Hangzhou (#28).
Unicórnios democratizados
Na semana passada, o Crunchbase soltou sua lista atualizada de unicórnios globais (que classifica como startups de capital fechado valendo pelo menos US$ 1 bilhão), com 44 novas startups, que atingiram a marca bilionária nos primeiros 6 meses de 2020. A lista agora tem 601 unicórnios, que juntos já captaram US$ 442 bilhões e que têm um valor de mercado somado de praticamente US$ 2 trilhões. Na média, o valuation de cada um é de US$ 3,3 billion.
2020, mesmo com a pandemia, está se mostrando fértil em unicórnios. Nasceu um a cada 3 dias úteis do ano, até agora, uma marca que só foi superada em 2018, quando esses bichos, agora não mais tão mitológicos e raros, nasciam um a cada 1,5 dias. Os 44 novos vieram de 11 países, sendo mais da metade (27) vindos dos Estados Unidos. O dado mais interessante é a mudança da vertical econômica de importância: esqueça fintechs e e-commerces, porque os dois principais focos de animais de um chifre só são educação e software como serviço (SaaS).
Certamente 2020 não será um ano explosivo em unicórnios, mas o estudo da Startup Genome aponta um aspecto importante do ecossistema global de inovação: a democratização do acesso a fundos e a tecnologia que permitiram um espalhamento dos bichos ao redor do planeta. Em 2013, quando o termo foi criado por Aileen Lee, da CowboyVC, eles eram míticos e raros porque só apareciam em quatro ecossistemas globais. Sete anos depois, estamos falando de mais de 80 ecossistemas que reúnem condições, e atratividade, para brotar unicórnios.
Fonte: The Shift