O executivo Gilles Coccoli está à frente da Edenred desde setembro de 2013. A empresa faz gestão de benefícios a funcionários, algo distante do que existe em uma startup no começo de sua jornada. Mas isso não quer dizer que as pessoas não sejam importantes nas pequenas empresas – muito pelo contrário. Para ele, “esse mundo tem muito a ver com relacionamento e confiança”. Na vice-presidência da Câmara de Comércio França-Brasil (CCIFB-SP), Coccoli espera ajudar as startups.
A CCIFB-SP lançou o Pacote Startups, uma iniciativa que oferece às startups mentoria e participação em eventos. “A convivência pode trazer benefícios a ambos os lados”, diz, em entrevista à Época NEGÓCIOS.
Qual o perfil das 800 empresas associadas à Câmara de Comércio França-Brasil?
A Câmara de Comércio França-Brasil é uma das mais antigas aqui no país, com cerca de 100 anos de existência. Reúne empresas francesas e também brasileiras ligadas de alguma forma à França. Há empresas de todos os tamanhos.
Elas têm uma boa relação com as startups?
Precisamos aproximar as grandes empresas e as startups. Nosso programa Pacote Startups surge daí. As mudanças não têm ocorrido apenas na oferta de produtos, mas na forma de enxergar o mercado, se organizar e tocar projetos.
Como essa aproximação pode ser benéfica às empresas?
A convivência pode trazer benefícios a ambos os lados. Não temos a ambição de influenciar na quantidade de startups a serem compradas ou incubadas. Isso é um subproduto dessa aproximação entre um mundo mais organizado e outro mais volátil e voltado às pessoas. São mundos diferentes, com velocidades distintas. A startup é uma maneira de abrir os olhos.
Como é o ecossistema de startups na França?
Existe uma entidade chamada de FrenchTech, uma iniciativa liderada pelo governo francês para criar condições e ambiente para o desenvolvimento de startups francesas mais ligadas à tecnologia. Eles estabelecem relações com hubs em outros lugares do mundo.
Com as startups brasileiras podem ajudar as empresas francesas?
O ecossistema brasileiro de startups é muito dinâmico e tem força para financiamento. É algo generoso que não se acha em outros mercados. Há também a criatividade – o que se vê no Brasil são coisas criativas.
O que é preciso para uma startup brasileira entrar na Europa?
A questão da visibilidade é relevante. Esse mundo tem muito a ver com relacionamento e confiança. 50% do sucesso de uma startup está em seu líder, na pessoa. A startup não pode mostrar seu dinheiro, pois ela tem que gastar todo ele em seus serviços. Quando você olha a performance, você analisa a publicidade que se dá tanto das pessoas como de seu projeto fundamental, e quais as práticas que levam a isso.
Você atua na área de gestão de benefícios. Como é hoje o interesse de quem trabalha em uma startup nesse sentido?
Pelo menos no início da startup, não há um apelo por salário ou benefícios. Conforme a empresa se estabelece, precisa atrair talentos que não sejam acionistas. Aí é necessário pensar em um pacote de benefícios interessante. Isso varia conforme a empresa.
Fonte: Época Negócios