Há pelo menos 122 startups oferecendo serviços de tecnologia para áreas de recursos humanos no Brasil. Atuando em segmentos como recrutamento, avaliação de performance e gestão de processos ou benefícios, as empresas contabilizam uma série de clientes de grande porte.
O ecossistema das chamadas HR techs – ou uma junção dos termos human resources (recursos humanos) e technology (tecnologia) – foi identificado pela aceleradora corporativa Liga Ventures, após análise dos modelos de negócios de mais de oito mil empresas nascentes.
Entre as que atuam com RH, mais da metade (67%) foi fundada de 2015 para cá. “Há oportunidades gigantescas”, afirmou o responsável pelo estudo e pela seleção de startups na Liga Ventures, Raphael Augusto. “A legislação mudou, então todos vão precisar de maior agilidade.”
De acordo com a aceleradora, a atuação das HR techs está pulverizada em 11 segmentos distintos. As áreas de recrutamento ou seleção e e-learning, cursos ou treinamento (ambas com 21 players) são as que concentram mais startups; já a gestão eletrônica de ponto, operações, folha ou documentos reúne 15 iniciantes.
A Vexpenses é um exemplo de empresa que atua neste campo: a tecnologia da startup oferece a gestão de despesas de funcionários durante viagens e já está presente em clientes de 18 estados, incluindo os maiores grupos de televisão aberta do País.
“Percebi que havia muito espaço para a automação [da gestão dos gastos em viagens] quando trabalhei em uma consultoria”, afirmou o sócio-fundador da Vexpenses, Thiago Campaz. “Era necessário guardar todos os recibos, escanear, passar para meu chefe e só então jogar no ERP [ou software de gestão]”, listou o empresário, destacando a morosidade do processo.
Hoje, o serviço ofertado pela Vexpenses permite tanto o registro quanto a aprovação dos gastos pelo gestor via dispositivos móveis. De acordo com Campaz, a automação da prestação de contas pode gerar uma economia mensal de até seis horas de trabalho para o funcionário e de 0,6 horas mensais para o aprovador.
Entre as startups de recrutamento há a Gupy, que utiliza tecnologias como o machine learning e a inteligência analítica para identificar os melhores candidatos durante processos seletivos.
Segundo a co-fundadora e CEO da plataforma, Mariana Dias, as empresas enfrentam “muita dificuldade na triagem de currículos” – sobretudo as de grande porte. Com cerca de dois anos e meio de estrada, a Gupy já presta serviços para companhias como a Kraft Heinz e a Somos Educacional.
Do ramo de mídia, um dos clientes da Gupy conseguiu reduzir o tempo médio de contratação de 25 dias para nove através dos préstimos, afirmou Mariana. Segundo Raphael Augusto, da Liga Ventures, a média do time to hire das empresas brasileiras é de 45 dias.
A CEO da Gupy também observou que a empresa possibilita feedback para 100% dos candidatos, “o que é muito importante” para o pleiteante.
Novos negócios
A Liga Ventures identificou startups que avaliam a performance de funcionários (11 foram listadas), plataformas de vagas (9), ferramentas de engajamento (8) e de análise de perfis (7). Também foram mapeadas seis empresas nas categorias gestão de benefícios, plataformas de freelancers ou suporte para entrevistas.
Já a saúde ocupacional de colaboradores reúne 12 players distintos. Um deles é a catarinense GoGood, que “acompanha 50 atos de saúde como alimentação, estresse e sono através de smartphones”, conforme o responsável por novos negócios da empresa, Francisco Sedrez. A plataforma (cujo uso é voluntário) já ajuda empresas como a Pay Pal a integrar ações de bem-estar.
“Somos fãs da GoGood porque ela monetiza quilômetros de exercícios: eles se transformam em dinheiro, depois doado para instituições [de caridade] escolhidas pelo funcionário”, comemorou a diretora de RH da PayPal na América Latina, Valéria Porto.
Fonte: DCI