O conceito de negócio exponencial surgiu da Singularity University. A ideia é criar um modelo de negócio amparado em software, que consiga rapidamente se adaptar e incorporar novas tecnologias; com processos capazes de sustentar expansão acelerada das atividades; que não dependa de novas contratações ou aquisições de ativos para faturar mais; e que resolva um problema para muita gente. Essas e outras características podem fazer com que a empresa, em vez de fazer movimentos que resultem em ganhos incrementais (de 5% ou 10%, por exemplo), entre em crescimento exponencial (pense em 1.000% ou mais). Para Patrick Van Der Pijl, CEO do Business Models Inc, implementar características dos modelos exponenciais é fundamental para o processo de inovação.
“As tecnologias se tornaram mais inteligentes. As pessoas se acostumaram com a instantaneidade e esperam isso de todos os serviços que consomem”, disse ele nesta sexta-feira (27/09), durante a Conferência Anpei de Inovação 2019, em Foz do Iguaçu (PR).
Um negócio exponencial, explicou Van Der Pijl, tem diversas características que podem ser levadas para companhias tradicionais, como plataformas digitais, processos mais ágeis e uso de tecnologia para resolver problemas dos clientes. “Inovação tem que ser vista como um músculo que precisa ser constantemente treinado”, afirma. “A função das empresas é pensar em como treiná-lo de forma que traga mais valor ao seu cliente.”
Segundo Van Der Pijl, para ter um modelo mais exponencial, as empresas precisam se tornar obcecadas com uma variável — o consumidor. O processo de desenvolvimento de um novo produto ou serviço tem que se tornar mais rápido, simples e flexível, para se adequar às demandas do público final. Isso significa adaptar ou eliminar processos e etapas.
Quando o processo é mais enxuto, fica mais fácil as empresas criarem modelos que possam ser complementados com o tempo. Van Der Pijl dá como exemplo a Netflix. A empresa surgiu com um modelo de negócio linear quando apenas oferecia por correio o aluguel de DVDs. Com o tempo, foi implementando novos canais de acesso, renda e serviços, como grupo de assinaturas e streaming pela internet ou televisão. “A Netflix foi adaptando o seu modelo de negócio por meio de análise de dados do perfil de seus clientes e tendências para o futuro”, diz. “O resultado é que hoje é uma das maiores empresas e a Blockbuster, que era seu principal rival, faliu.”
“O uso de tecnologia para a solução de problemas é fundamental em um negócio exponencial”, afirma o CEO. A interpretação de dados e uso de tecnologia foi fundamental para a Netflix como para o banco holandês New10, por exemplo, que implementou um algoritmo que aprova crédito para novos negócios em apenas 15 minutos.
Uber e Lime são exemplos de novos negócios exponenciais que Van Der Pijl acredita que se tornarão cada vez mais frequentes. O elemento em comum entre os dois é a plataforma digital. Ser um negócio em plataforma implica ter de um lado o consumidor e de outro o produtor, que no caso do Uber seriam os motoristas e no do Lime, os coletadores dos patinetes. Mas empresas tradicionais também podem implementar o conceito. “Na Holanda temos um supermercado que conectou os clientes diretamente com os fornecedores”, diz. “Assim, reduziram a perda de produtos nas prateleiras e conseguiram, com essa diferença, se tornar uma plataforma de delivery grátis.”
Segundo o CEO, quando se incorpora uma plataforma ao modelo de negócio também fica mais fácil adicionar novos serviços. “O Uber, por exemplo, complementou com o Uber Eats e está planejando o Uber Fly”, afirma.
Para Van Der Pijl, não é possível inovar sem realizar parcerias durante o processo. Ele cita como exemplo Audi e Airbus, que, apesar de atuarem com produtos diferentes, uniram-se para o desenvolvimento e pesquisa de tecnologia para veículos urbanos voadores (assim como Embraer e Uber). “As empresas não conseguem inovar quando estão sozinhas. Precisam fazer parte de um ecossistema”, disse.
Fonte: Época Negócios