O renascimento do varejo no pós-pandemia depende do investimento em tecnologia, mas sem perder o ser humano de vista
Por Renato Müller
O varejo pós-pandemia vem renascendo depois de 18 meses bastante complicados. E esse renascimento, impulsionado pelo poder dos dados, precisa produzir um varejo mais sustentável, que gera experiências incríveis e conquista o consumidor.
“Tudo é dado: cada produto, cada informação, cada contato com os clientes gera uma oportunidade de aprender mais e de transformar tudo isso em negócios melhores”, analisa Katia Walsh, Chief AI Officer da Levi’s (sim, eles têm uma executiva dedicada à Inteligência Artificial…). Ela conta que a empresa criou uma estrutura para coletar e analisar dados para gerar informações que permitam entregar melhores experiências para os consumidores. Entre os novos recursos estão recursos de busca por imagem que identificam, no mix da Levi’s, produtos semelhantes aos da imagem. “Tudo isso nos ajuda a entender melhor o contexto dos clientes, suas inspirações e preferências”, comenta.
No Lyst, marketplace de luxo que se define como “o app definitivo de compras”, o uso de dados também é intensivo. “Precisamos usar muitos dados para permitir que os clientes sempre encontrem o que desejam. Por isso, aproveitamos todos os pontos de contato para entender melhor o público e criar experiências únicas, personalizadas”, afirma Chris Morton, fundador da startup.
Para ele, o uso de dados é uma forma de fazer o varejo como um todo ser mais eficiente. “Tendências surgem e desaparecem em um piscar de olhos, e isso é inerentemente insustentável. Somente a análise dos dados permite tomar melhores decisões de manufatura e distribuição”, analisa.
O executivo conta que o uso de Inteligência Artificial abre novas possibilidades de relacionamento com os clientes. “Na nossa plataforma, trabalhamos com várias marcas de luxo e, por isso, precisamos oferecer um trabalho de curadoria primoroso. Na nossa escala, é impossível fazer isso sem a análise intensiva dos dados dos clientes”, diz.
Entretanto, os dados, sozinhos, não resolvem. “A solução é combinar dados e pessoas. As máquinas não estão nem perto de conseguir fazer o que o ser humano faz, no que se refere à criatividade e inovação”, conta. Katia Walsh, da Levi’s, complementa: “toda empresa hoje precisa ser uma empresa de tecnologia, já que a Inteligência Artificial eleva a capacidade humana de realização. É uma ferramenta poderosa que todos precisamos usar”.