O COVID19 pode levar muitas pessoas a ingressarem em um novo sistema monetário digitalizado. A sociedade cashless está emergindo e o início do fim do dinheiro, como numerário, parece ter começado. Seja porque as cédulas, de papel, polímero ou algodão e linho, podem conter diversas doenças (embora ainda não haja comprovação de que transmitem o vírus mais do que usar um cartão de débito ou telefone celular), seja porque, de fato, é preciso encontrar um modo mais simples e moderno de fazer com que os recursos dos pacotes governamentais de socorro à economia cheguem facilmente a quem precisa, amenizando a perda de renda.
Uma possível solução para substituir o uso de notas de caixas físicas vem diretamente dos bancos centrais. Em todo o mundo, governos estão sendo estimulados a lançar suas próprias moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDC). Aconteceu na China. Autoridades americanas também já consideram seriamente a emissão de “dólares digitais” pelo Federal Reserve, acessíveis através da criação do “FedAccounts”. Ou através de carteiras digitais.
É muito cedo para prever quais mudanças podem estar chegando, mas é provável que surjam como soluções para desafios específicos em diferentes contextos nacionais, infraestruturas de pagamento e grupos demográficos. Versões digitais de moeda corrente, como a e-krona, recentemente anunciada na Suécia, são exemplos promissores.
“Durante esses tempos de crise, precisamos de dinheiro que seja mais rápido para enviar, mais seguro para usar e com maior probabilidade de ser gasto”, afirma Ezechiel Copic, parceiro da cLabs, em artigo para o site da Nasdaq.
Não por acaso, as empresas de pagamentos digitais estão vendo um grande aumento na demanda. A modalidade já vinha se tornando essencial para empresas de todos os portes, nas lojas físicas e nos canais digitais, por clientes e empresas. Agora, a expansão global do COVID-19 pode levar o mundo a um ponto de virada na maneira como lida com pagamentos. “Nossa missão nunca foi tão crítica”, disse Sri Shivananda, diretor de tecnologia da PayPal.
Alguns analistas do setor acham que a mudança para pagamentos digitais e sem contato pode ser duradoura. Seguindo recomendações da Autoridade Bancária Europeia (EBA), países europeus aumentaram o valor que as pessoas podem gastar usando pagamentos sem contato.
Vale ler:
- Recentemente, no Reino Unido, o Bank of England (BoE), divulgou um documento no qual explora as oportunidades que os CBDCs apresentam para manter a estabilidade monetária e financeira, bem como apoiar “um cenário de pagamentos mais resiliente”.
- Outro efeito colateral do Covid-19: o crescimento de stablecoins apoiadas em dólar.
- No Brasil, por enquanto, as medidas de socorro à economia estão relacionadas à liberação de crédito. Nessa linha, fintechs de crédito poderão emitir cartões de crédito e repassar recursos do BNDES. Nas redes sociais, o Banco Central está orientando os brasileiros a darem preferência aos pagamentos eletrônicos e sem contato.
- Uma possibilidade hoje, segundo Carlos Netto, CEO da Matera, para fazer os recursos chegarem aos trabalhadores informais, seria usar o sistema de remuneração das plataformas às quais estão vinculados, como Uber, 99, Natura, etc.
Fonte: The Shift